Parece que durante toda a minha vida eu tenho corrido atrás, mas bem atrás de todos. Sempre sou o último a saber e sempre sou o último a começar alguma coisa. Deveria pelo menos ser o primeiro a morrer pra compensar todas as vezes que cheguei por último na vida. Vida essa que já foi desperdiçada pela metade e que me frusta saber que estatisticamente ainda tenho mais uma metade dela pra viver.

Nos meus últimos meses de ações e reações eu tirei o bumbum da cadeira e comecei uma série de mudanças com o intuito de melhorar minha imagem comigo mesmo, mas o tiro saiu pela culatra e só estou conseguindo a afirmação que não importa o quanto eu mude e me esforce, eu sempre vou estar correndo atrás. Não dá mais pra alcançar quem tá lá na frente e, sinceramente, nem sei mais qual o propósito.

Não sei mais porque eu trabalho. Se é pra ter uma casa, eu me questiono para quê eu vou querer ter uma casa? Se é pra ser independente, vou usar essa independência como? Não dá mais tempo de me adequar aos padrões. Não dá mais tempo de tentar ser alguém. Não dá mais tempo de acreditar em mentiras.

A coisa é bem mais complexa do que só ficar magro e conseguir mudar um pouco meu físico. Vai muito além das horas que passo na academia às vezes chorando em cima de uma esteira por me sentir uma aberração tentando mudar coisas que NUNCA vão mudar, mas que mesmo assim não consegue mais parar porque já virou hábito, mas entende que nunca vai mudar. Porque vejo quem já exerce alguma atividade há anos e tá igual.

Não existe transformação, existe manutenção.